sábado, 12 de fevereiro de 2011

Talentos: tesouros a serem administrados

Oi Filoteu!

   Hoje comento um texto que sempre me impressio-nou: a parábola dos talentos. Tu podes encontrar o texto no evangelho de São Mateus, capítulo 25, versículos 14 a 30. Estou pagando uma dívida com uma pessoa que faz tempo pediu-me solicializar, partilhar esse comentário que segue abaixo.
    Bem, Mateus nos fala que o Reino dos Céus é semelhante a um homem que antes de empreender uma viagem chamou seus servos e distribui entre eles o seus bens. Nota bem Filoteu, distribuir, confiar não significa passar o direito de propriedade. Ser administrador não significa ser dono. Guarda essa, viu? Continuemos: ao fazer a divisão, o homem deu a um cinco talentos, a outro deu dois e a outro um. O critério? Segundo a capacidade de cada um. Isso! Nota bem, caro amigo, Deus também distribui aos seus servos os mais diversos dons em quantidade e natureza que são os mais diversos. Uns cantam, outros são práticos, outros muito cultos, teóricos e intelectuais, tem gente que sabe ensinar que é uma beleza alguns outros gostam de obras sociais, outros de ensinar, outros de rezar bastante, outros de inventar coisas, tem gente que tem uma liderança formidável, tem uns outros que são ótimos colaboradores e por aí vai. A lista é imensa, quase infinita.... !!!! Mas, o que vale não é o talento que cada um recebeu, enquanto talento em si, mas o que se faz com ele, o valor que se dá a ele. O talento em si vale muito. Conforme li, um talento naquele tempo equivalia a uns 25 a 30 kg de prata. Vê só: isso não é pouco! O valor é grande mesmo. Só  que cada um de nós recebeu dons que ultrapassam tudo isso: a saúde, a vida, a inteligência, a vontade, a liberdade, a capacidade de criar, fazer, falar, relacionar-se, servir, orar, trabalhar, aprender, ensinar, etc. Vixe! quanta coisa! É até difícil compor a lista. Em todo caso, já fizeste a lista dos dons que Deus te confiou?
    Prossigamos: qual foi a atitude que cada um dos beneficiados assumiu? o primeiro recebeu muito, ou seja, cinco talentos. Esse aí é imagem daquele tipo de gente que faz muita coisa, sabe muita coisa, tem inúmeras potencialidades, capacidades, etc. Esse fulano, não ficou se gabando do muito que recebeu. Ele simplesmente foi responsável, isto é foi hábil em responder. A palavra RESPONSABILIDADE tem esse significado: habilidade em responder: Respons / abilidade. Captou, sacou, morou? Pois bem, cara, o negócio é o seguinte: Ser capaz de dar respostas ao que Deus pede, ao que Deus confia, ao que Deus quer. Não é brinquedo não! Nem muito menos é coisa pro fulano, digamos assim, "se achar"! É pra trabalhar, é pra servir, dedicar-se, doar-se. Por isso, há que se dedicar imensamente à prática do bem, cumprindo a própria missão fazendo um bom uso de tais dons. E fazer o máximo! Não cabe aqui mediocridade, meias medidas, acomodação, preguiça ou coisa do tipo. Claro, o impossível, não se preocupe, Deus toma de conta, se for necessário acontecer o impossível. Ok? Para ti, é preciso descobrir o possível, o que está ao teu alcance.
    O segundo recebeu dois talentos. Menos talentos que o outro. Então? Será que ele não foi injustiçado? Será que ele não deveria ter recebido mais, já que o outro recebeu cinco? Olha Filoteu, existe um ensinamento que devemos colher desse fulano dos dois talentos. Nunca devemos nos comparar com os outros.Tem muita gente que desaba debaixo de fardos insuportáveis, outros arrastam correntes pesadas e vivem exigindo de si o que não precisa e não se deve exigir pelo simples fato de cobrarem de si aquilo que simplemente não podem oferecer! Por exemplo, se esse que recebeu dois talentos quisesse produzir mais cinco ao invés de mais dois, ele estaria vivendo um desgaste terrível, uma injustiça inaceitável consigo mesmo e até com os outros. E com certeza, estaria ofendendo a Deus com essa atitude injusta. Por outro lado, Filoteu, fica sabendo que ele deve se empenhar de produzir não menos que mais dois talentos. Imagine só, se ele tivesse caído na tentação dos complexos de inferioridade! Olhando para aquele que recebeu mais e produziu mais, esquecendo-se do que ele mesmo tinha, o prejuízo teria sido grande, além da conta! Nem mel, nem cabaça.
    E aí; aquele que recebeu um talento foi o tal falido no próprio complexo de inferioridade. Comparou-se, sua auto-estima foi pras cucuias e a acomodação deu origem ao fazer nada. Adotou a política do deixa como é que tá pra ver como é que fica ou aquele esquema do "deixa a vida me levar"! Tem gente que se péla de medo de errar e por isso não faz nada ou faz muito pouco, bem aquém daquilo que pode e deve fazer. Só não erra quem não faz nada; e quem não faz nada, simplesmente errou tudo! O acerto vem do esforço, da insistência, da determinação em crescer e aprender com os erros e fracassos. Até os próprios pecados ensinam e levam a um amadurecimento bem considerável. Só não dá pra ser omisso ou covarde! Morou? Captou? Sacou? Babado não é bico, é bom saber.
     Voltemos para os talentos em si. Que se deve fazer com os talentos que Deus colocou sob nossa administração? Toma nota e escreve no teu coração e na tua inteligência:
     1) CONHECER O TALENTO: Isso mesmo, é preciso conhecer os talentos que Deus nos confiou. Dar nomes aos dons de Deus. Não é vaidade, nem muito menos presunção fazer isso. Se eu não conhecer o que de bom Deus me deu, não farei uso, movido por uma falsa modéstia, por uma humildade faz-de-conta ou fingida. Daí, viverei como pessoa que não se conhece e por isso, pode cometer dois erros grosseiros: ou se omite e se acomoda por um lado, ou no outro extremo, se massacra e cobra de si o que não deve pois não pode fazer o que acha ser seu dever fazer o que pensa poder. Complicado? Bem, com outras palavras, quem se conhece, não irá cobrar de si o impossível. Fará bem o possível.
   2) Valorizar o talento: dar valor, reconhecer a importância, compreender que algo de bom pode acontecer e ser feito com esse dom maravilhoso e útil a mim confiado. Assim pensa quem valoriza seu próprio talento. Desta forma, esse fulano viverá o seu empenho feliz, motivado, proporá para si mesmo objetivos realistas e realizáveis. Será feliz, pois, com a bênção de Deus os resultados virão e um grande bem será feito. Entende só, Filoteu! Quem valoriza louva a Deus pelo que pode e sabe fazer. Não vive a vaidade, nem faz do seu serviço uma narcisista orquestração de vã glória. Não é um exibido besta (que em alguns casos enchem o saco e são uns chatos mesmo!). Aja paciência! Quem assim faz, faz o papel de ladrão da glória de Deus. Feio! Bizarro! Intelijumência em estado mediocrático e arrebatadoramente ploft!
   3) Multiplicar o talento: fazer o talento funcionar, o talento produzir, multiplicar, fazer frutificar o talento. É a parte operacional, ou seja, é a hora do vamos ver, pra coisa não ficar só na conversa, só na conversa mole pra boi dormir (que numa linguagem culta diríamos: conversações flácidas para acalentar bovinos). KKKK. Gostou?
    Voltemos ao fulano que enterrou o talento: Ele não fez nada! Errou tudo! Pisou na bola, marcou bobeira feio! Foi considerado servo mau e preguiçoso. Caramba! Que triste! Um horror! Parece a barroada do trem com um velocípede! Chocantérrimo! Deus nos faça pessoas boas e dedicadas. Mas, se ele tava tão mal, tão pra baixo assim que nada fazia, que devia fazer? Diz a Palavra de Deus: "Devias, portanto, dar o meu dinheiro aos banqueiros e eu, ao meu retorno, receberia o que era meu com os juros" (Mt 25, 27). Sempre fiquei pensando o que isso viria a significar. Então, cheguei a uma conclusão: o que fazem os banqueiros? Fazem o dinheiro render! Imaginei, pois, que os banqueiros seriam imagem dos nossos amigos, formadores, pastores, gente que de alguma forma pode nos ajudar a fim de não deixarmos parados os dons que recebemos do céu. Pior é morrer sozinhos! Ruim é se se afogar tendo chegado à praia! E aí? Tens buscado ajuda? Tens te empenhado seriamente em fazer o que está ao teu alcance ou buscado ajuda quando vias que não conseguias?
      E uma vez falido, o pobre carinha que enterrou o talento, teve o seu talento tirado e esse foi dado a outro. É assim que Deus faz com seus dons: quer que sejam conhecidos, valorizados e multiplicados. Quando alguém não os valoriza, os despreza ou até os joga na lata do lixo de sua história, então Deus sacode a poeira do dom desprezado e simplesmente confia para que outro mais dedicado o faça frutificar. E o destino, o triste destino de quem foi negligente e omisso, além de irresponsável mesmo, é a falência total de sua existência, mergulha no abismo de seu fracasso definitivo.
    Viemos ao mundo do nada, mas não para nada. Nossa missão é muito importante, nossa vida existe em função de um bem a ser realizado, não em função de um peso a ser suportado e arrastado!
     Um abraço e bênção a ti, Filoteu de Betânia, casa da amizade, casa do serviço e da escuta de Deus.
      

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