terça-feira, 6 de julho de 2010

Paulo, o escolhido


São Paulo, o escolhido para fazer do projeto desafiante de Deus, a sua vida. Na revelação que o Senhor fez a Ananias, o qual recebeu a missão de conferir o batismo a Paulo, logo que ele fez aquela experiência com Jesus ressuscitado, a caminho de Damasco, foi dito quem Paulo seria de ora em diante. Isso mesmo, aquele homem vulcânico, elétrico, enérgico e energético, lá estava ele com uma missão gigantesca. Afinal quem é Paulo, a que ele foi chamado e enviado? Nosso Senhor disse: "(...) este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome" (At 9, 15-16).
Nota bem, Filoteu o quanto, na própria revelação feita por Jesus quem é esse homem. Já falamos sobre ele, na postagem anterior, mas hoje quero te dizer o quanto a sua missão foi um desafio elevado à enésima potência. "Por isso, já que por misericórdia fomos
revestidos de tal ministério, não perdemos a coragem. Dissemos 'não' aos procedimentos secretos e vergonhosos; procedemos sem astúcia e não falsificamos a palavra de Deus" (2Cor 4, 1-2). Não foram poucos os desafios, mas, como diz aquela propaganda da Petrobrás, "o desafio é a nossa energia". Para Paulo também, podes crer! Rsrsrsrs. Não havia espaço para preguiça, nem para covardias, nem o medo poderia tomar as rédeas na vida desse homem. Sabendo de sua imensa responsabilidade de "colaborador de Deus" (2Cor 6,1), sempre impulsionado pela caridade de Cristo (2Cor 5, 14), tinha consciência de que sua capacidade vinha de Deus (2Cor 3,5). Além disso, o senso da verdade, o acompanhava de modo tal que suas fraquezas e debilidades o levaram a afirmar: "Trazemos, porém este tesouro em vasos de argila, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós" (2 Cor 4, 7). Por fim, o seu testemunho de luta e sacrifício mostram que a missão do cristão, longe de ser uma experiência de auto-afirmação ou narcisismo espiritual e até psicológico, ou também, um mero meio de vida (Deus pra tanta gente é instrumento de lucro financeiro!), Paulo afirma: "Somos atribulados de todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados. Incessantemente e por toda parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja manifestada em nossa carne mortal" (2 Cor 4, 7-11).
Caro Filoteu, o que mais gostaria de frisar em Paulo é sua imensa coragem, sua imbatível fortaleza em vencer as imensas dificuldades que enfrentou por causa do Evangelho. Acho que temos que pensar muito seriamente no testemunho que o apóstolo nos deixou, pois não dá pra ser cristão e ser covarde, ser discípulo de Cristo e viver uma vida mole, voltada para as honras e facilidades. O que o apóstolo das gentes enfrentou é pra fazer tremer nas bases os mais corajosos. Vê só:
"Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Três vezes fui flagelado. Uma vez, apedrejado. Três vezes naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto mar. Fiz numerosas viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por causa dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de estirpe, perigos por parte dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos. Mais ainda: fadigas e duros trabalhos, numerosas vigílias, fome e sede, múltiplos jejuns, frio e nudez! E isto sem contar o mais: a minha preocupação cotidiana, a solicitude que tenho por todas as Igrejas! Quem fraqueja sem que eu também se sinta fraco? Quem cai, sem que eu também fique febril? Se é preciso gloriar-me, de minha fraqueza é que me gloriarei" (2 Cor 11, 23b-30).
Qual a leitura de tudo isso? Uma leitura vitimista ou de um herói em busca de recompensa? Nada disso. A esperança da vida eterna, a certeza de não estar investindo em vão as suas melhores energias e potencialidades, fez desse apóstolo um crente determinado e comprometido, engajado ao extremo: "Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus ressuscitará também a nós com Jesus e nos colocará ao lado dele, juntamente convosco. E tudo isto se realiza em vosso favor, para que a graça, multiplicando-se entre muitos, faça transbordar a ação de graças para a glória de Deus. Por isso, não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia-a-dia. Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno da glória que elas nos preparam até o excesso. Não olhamos para as coisas que se vêem, mas para as que não se vêem; pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno" (2Cor 4, 14-18). Além disso, é bom lembrar, o que ele mesmo nos ensinou magistralmente: "Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8, 28). Por isso, amar a Deus, em meio aos desafios e sofrimentos, provações e tentações de todo tipo que se possa encontrar nessa vida, é sempre fonte inesgotável de lucro.
O grande testemunho do gigante doutor dos gentios, apóstolo por vocação (Rm 1,1; At 18, 17; 2 Cor 1, 1) e não por presunção, nos ilumine e encoragem caro Filoteu. Hoje, eu me detive em transcrever as passagens bíblicas citando o próprio Paulo para que nos seja possível mergulhar nesta certeza que vale a pena. Além disso, deixemos de lado toda ilusão de vida fácil e não sejamos (bem, de fato não somos) uns coitados, umas pobres vítimas, gente que está no prejuízo. Afinal, isso não é verdade! Somos enriquecidos com o dom de Deus e comprometidos com seu Reino. Além disso, tira da tua cabeça e do teu coração a desgraçada mentirosa teologia da prosperidade, essa praga que tem feito grande mal. Segundo tal teologia, apregoa-se vida fácil, vida sossegada, sucesso, muito dinheiro, as curas físicas (a cura pela cura, só pra se livrar do problema e deixar as coisas como estão pra ver como é que fica), em suma, como se Deus fosse dar aos seus amigos as comodidades que o seguimento de Cristo supostamente pudesse proporcionar. Reflete comigo Filoteu: o que Jesus disse? "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7, 13-14). Além disso, "Se alguém quiser vir após mim - disse o Senhor - negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas o que perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho irá salvá-la" (Mc 8, 34-35). Além disso, somos orientados pelo Mestre a não acumular tesouros na terra, mas no céu (Mt 6, 19-20). Como se não bastasse, não se serve a Deus e ao dinheiro (Mt 6, 24). Claro que podemos servir-nos do dinheiro, mas nunca servir-nos de Deus para servir ao dinheiro. Entendeu o quanto o Evangelho é claro? Viver na abundância, apregoar a prosperidade em função de si própria é uma contradição enorme com a mensagem salvífica do Senhor e do exemplo do santo que comentamos agora. Além disso, lembra o nosso caro apóstolo Paulo "... a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos" (1Tm 6, 10).
Que o exemplo e abnegação do gigante nos ajudem e iluminem.
Um abraço e bênção pra você Filoteu do Senhor!

Um comentário:

Fagner disse...

Grande exemplo!Prova de quem experimentou verdadeiramente o amor de Deus, quem viveu em Deus. Um coração convertido e inflamado pelo amor de Deus. Para mim, fonte de inspiração que precisaria ser seguida por todos os cristãos. Será possivel? As vezes caio na fraqueza de questionar isso ainda hoje, então me reconheço na miseravel situação de pecador.

Leia também:

Related Posts with Thumbnails