sábado, 26 de junho de 2010

os dois peregrinos a caminho de Emaús



Evangelho: Os discípulos de Emaús
Lc 24, 13-35
"Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?" Um deles chamado Cleófas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?" Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e em palavras, diante de Deus e de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele que havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram." Jesus lhes disse. "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que o Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?" E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia." Entrou então com eles. Acontecendo que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapereceu. Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os onze e os que com eles estavam. Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão."
Gosto demais desse relato. São lembranças da páscoa que podem nos acompanhar todo dia e quem sabe, o dia todo. Trata-se de um Deus presente, amigo, companheiro, consolador e iluminador.
Em que contexto estamos? Dois discípulos estavam prá lá de desanimados, mais perdidos que cachorro em dia de mudança (ou de procissão onde é tudo a mesma confusão - pro cachorro, entendamos!). E por quê? O grande Mestre, Jesus, morreu e com sua morte, bem, tudo se acabou. Era bom demais pra ser verdade, até a cruz que trouxe a morte e um ponto final nessa história bonita, mas que deu em nada.
Lá iam eles. Pra onde? Fazer o que? Iam pra Emaús, uma cidadezinha a duas léguas de Jerusalém. Bem, estavam fugindo! De quem, de quê? De si mesmos, fugindo da dor, tentando refugiar-se em pequenos planos, talvez menores que o povoado a que se dirigiam. Caminhavam.
Jesus começou a caminhar com eles. É assim mesmo filoteu, Ele caminha com a gente. Pode-se até nem ver, nem perceber imediatamente, mas se as pupilas da fé estiverem ligadas, será possível entender que lá está o Mestre. E não estamos sozinhos. Como os discípulos estavam como que cegos, não viram. Quando é que se está cego e não se consegue ver Jesus que caminha lado a lado com cada um dos seus seguidores? A superficialidade, a mediocridade, a convivência com o pecado, tudo isso atrapalha e muito as coisas.
Jesus se faz de desentendido. Parece que mora em outro planeta. Mesmo que não houvesse jornal, internet, televisão, sei lá o que, o tititi a respeito do tal Rabi que morreu na cruz se espalhou. E o tal forasteiro nem sabe! Caramba! Bem, a estratégia de Jesus é jogar verde e colher maduro. Faz-se de desinformado para fazer o vomitório dos decepcionados, desiludidos dar chance para uma abordagem esclarecedora, a uma luz no meio das escuridões dos fujões. Falaram tudo, inclusive dos boatos que o sepulcro estava vazio. Mas, quem difundiu as notícias? Ora, as mulheres, mas, sabe como é, elas falam demais, fantasiam muito! (bem, isso pensavam eles, entenda bem filoteu!).
Desse modo, Jesus teve a oportunidade de explicar que a morte do Messias não foi uma fatalidade histórica, não foi um mero fracasso ou resultado trágico de tramóias políticas ou intrigas nojentas. Claro, foi isso também, mas sua paixão estava nos designios do Pai, tinham uma alcance enorme de salvação para todos. Era preciso! Estava nos profetas e nos escritos de Moisés, isto é, na lei. E a lei e os profetas são os fundamentos da antiga aliança. Ou seja, estava na Palavra de Deus que isso deveria acontecer. Por isso Jesus puxa as orelhas desses caras, chamando-os de "sem inteligência e lentos pra crer", ou seja, gente burra e de coração de pedra.
Jesus quer seguir em frente, mas, ele é um estranho companheiro, pois fala de coisas impressionantes, renova a esperança, alivia a dor dos dois peregrinos. Pedem que fique com eles. Por qual motivo? A noite bem chegando, já é tarde. E ele entrou e permaneceu com eles. Puxa vida, lá está o Mestre em pessoa, com eles. Que presença! Ele é a Presença. Uma presença que fez-se perceber fortemente no gesto eucarístico do partir o pão. Que impressionante! A Eucaristia é partilha da presença, partilha da vida do amigo que deseja estreitar laços, construir comunhão. E a partir daquele gesto litúrgico, seus olhos se abriram. Olhe filoteu, se teus olhos estiverem fechados ou sem conseguir ver, vá lá diante do sacrário e veja, contemple. Bem, acho que eles se abrirão, bem, se tu quiseres ver. Viu?
E então, constataram que seus corações se aqueciam, enquanto no caminho Jesus lhes explicava as Escrituras. Claro que se aqueciam. "A Palavra de Deus é luz para os olhos e lâmpada para os pés" (Sl 118, 105). E quando seus olhos se abriram, seus corações se aqueceram, correram pra Jerusalém. Fazer o que? Encontrar os irmãos! Na comunidade, encontrar Jesus na comunidade, encontrar Jesus na Igreja: "Lá onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles". E a escuridão? Olha filoteu, eu te digo que a verdadeira escuridão estava dentro e não fora. Por isso, eles, mesmo sendo tarde e a noite tendo caído, foram correndo a Jerusalém, ou seja, eles voltaram aos grandes projetos de Deus.
Um deles chamava-se Cléofas. E o outro, qual era o nome do outro? Quer um palpite? Coloca teu nome junto de Cléofas: O outro chama-se FILOTEU.
Um abraço!

Um comentário:

Fagner disse...

Tem momentos em minha vida que realmente fico como esses peregrinos de Emaús. Mas Deus esta comigo sempre!
Eu gosto muito de suas "formações" na missa, essa linguagem extrovertida para chegar nos jovens sem muitos arrodeios é fantástica. Digo formações porque são muito mais que uma homilia, um sacerdote muito sábio e conhecedor da palavra, além do mais tem um carisma especial. Em todas as missas que estas a celebrar no shalom da paz algo mexe muito comigo, vem confirmar muitas coisas que são dias em oração para mim, muito bom poder lhe acompanhar pela internet, por favor, não deixe de atualizar o blog. Sou aquele jovem que lhe abordou na saída da missa que teve no auditório de Fátima. Louvo a Deus pela sua vida e por sua missão!

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