domingo, 22 de março de 2009

Seu nome era José o carpinteiro


Seu nome era José o carpinteiro
Trabalhava de manhã ao sol se pôr
Vivia com Maria, louvando o Senhor
E dizem que ninguém jamais viveu tão grande amor

Às vezes penso em José
Querendo compreender a sua fé
E fico a imaginar quem foi Maria
E a vejo sempre ao lado de José
Por vezes uma angústia me persegue
E pergunto pra Maria e pra José
Por que será que o mundo não consegue
Entender o que se deu em Nazaré

Esta musiquinha muito simples, da autoria do Pe. Zezinho, é uma obra prima de singeleza. Desde o dia 19 deste mês de março, eu a tenho na cabeça e no coração. Nestes dias fomos levados, pela liturgia da Igreja, para junto do carpinteiro de Nazaré que em seu escondimento, simplicidade, pobreza e humildade, em sua castidade e pureza, na generosidade e capacidade de iniciativa, deu conta do recado. Tinha seus temores, seus medos e inseguranças, mas estava sempre cheio de confiança. Sua reta intenção e seu desejo tão sincero quanto ardente de fazer o que Deus queria o fez acertar o passo no caminho que o Onipotente preparou para ele.
A grandeza do carpinteiro de Nazaré, do guardião da Virgem, do protetor e educador do Verbo está na sua pequenez, assumida livre e conscientemente. O único marcado pelo pecado original era exatamente José e, nos desígnios do Pai, coube a ele o serviço da autoridade maior no lar tão sagrado. Deus confiou-lhe suas mais preciosas pérolas: Jesus e Maria. É preciso que se diga: o sim de José fez toda a diferença. Pelo sim de José, Jesus foi introduzido na casa real de Davi e assim cumpriram-se as profecias. Pelo sim de José, Jesus teve um pai legal, um referencial de homem, um amigo, um protetor, um educador. Pelo sim de José, Maria teve um indispensável colaborador no seu papel de dar à luz e criar aquele menino tão especial que carregaria e tiraria o pecado do mundo. Pelo sim de José a fuga para o Egito, o reencontro de Jesus adolescente, a vida cotidiana em Nazaré terminaram com um final onde a ação providencial do Pai passou diretamente pela ação do chefe de sua família, do guardião de sua casa.
Que felicidade termos José, este mesmo José que além de ser todo de Jesus e todo de Maria, e sem dúvida todo de Deus, certamente é todo nosso; um homem casto que exerceu de maneira linda e fecunda uma paternidade que ainda hoje em nossas vidas é capaz de fazer milagres. E que milagres pelo patrocínio de José poderemos receber, basta compreender que o mistério do Deus feito gente como a gente passou por suas mãos, pelo seu cuidado atento e carinhoso. Imagine este mistério do crescimento da vida divina em nós, se desdobrando sob o patrocínio deste ilustre representante da casa de Davi. Ilustre pelas virtudes evangélicas, que antes da vida pública de Cristo, já se vivia naquele humildade lar da Família Sagrada.
Quando eu celebrava a missa, na festa deste glorioso santo, na hora da elevação, eu chamei Jesus de filho do carpinteiro e o louvei por Ele ter sido assim chamado. Acho que Ele gostou do meu louvor e sei que muito se alegrará em conceder aos seus amigos e discípulos a graça da paternidade de seu pai nutrício. Ter Maria como Mãe e José como Pai é um jeito muito concreto de ter Jesus como irmão e ter Deus como Deus. Ser irmão do Senhor não é apenas uma felicidade sem precedentes, de alto valor e imenso privilégio, como também é uma responsabilidade e um compromisso que haverão de engajar e comprometer profundamente nossa vida. Fazemos parte de uma família real, mas com aquele jeito simples de Nazaré, com aquela pobreza profética de Belém, com aquele desprendimento dos tempos da fuga para o Egito. Em um mundo confuso, desorientado por tantos ídolos e contra valores, por tantas mentiras e ilusões, a figura deste pobre de Javé, é luminosa e ilumina com a luz de quem se proclamou Luz do mundo. Ser filho de José e de Maria significa ser Jesus, o maior sonho que o Pai celeste tem a nosso respeito.
Por fim, ser filho de José, significa ter sempre por perto Jesus e Maria. Viver com estes dois, significa preparar para si, uma morte feliz, com estas companhias incomparáveis. Dizem que São José é o patrono da boa morte. Uma morte que é desfecho de uma existência construída em parceria e comunhão com os outros naquela convicção feita verdade que resplandeceu em Nazaré: “O amor de Cristo nos uniu”.

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